Meu hotel está pronto para atender o 60+. Será?
A pandemia modificou muitas coisas e pessoas, isso todos sabemos. Mas atê que ponto modificou o turismo?
Até que ponto modificou a minha visão empresarial?
Essa pergunta devemos responder com ações, nosso hotel, nossa pousada será a mesma daqui em diante? Que devemos mudar para atender os novos velhos clientes? Precisamos mudar alguma coisa?
O segmento do 60+ é a camada social brasileira que terá as duas vacinas e estará apta a viajar. O que isto significa? Segurança na hora de decidir se viaja ou não. Segmento que na sua maioria está aposentada, ou seja, possuem recursos. O nicho 60+ reúne três pré requisitos fundamentais, vacinados, ou seja, se sentem seguros para deslocamentos, possuem recursos para o deslocamento e tem tempo disponível para se deslocar.
Os Baby Boomers são os nascidos entre 1946 e 1964, já mudaram os costumes do mundo e estão redefinindo carreiras e aposentadorias. Completamente conectados e ávidos de redes sociais querendo que parentes e amigos os vejam viajando pelas redes. Estes são os 60+ de hoje.
A hotelaria precisa entender melhor este nicho, hoje, nas últimas duas décadas mudou sensivelmente. O que era um nicho homogêneo se transformou em um nicho com diversos sub-nichos. Uma coisa é homogênea, todos antenados e usuários de redes sociais.
O segmento 60+ cresceu 26% entre 2012 e 2018, 77% acreditam que viajar e a melhor opção na aposentadoria. Estão ávidos não por simplesmente viajar, estão ávidos por viajar e que esta viagem traga coisas importantes, que seja prazerosa, sim, mas que aporte novas experiências, que estas tragam bem-estar e enriqueçam suas vidas. E mostrar isso a amigos, parentes e o mundo pelas redes sociais.
Se a quem tem menos de sessenta anos ficar dentro de casa por mais de um ano ou ter limitações de ir e vir imagina quem tem mais de sessenta. Estas pessoas tem pressa por viver novamente, ter uma vida normal. A vacina trouxe isto de volta.
Mas viajar para onde? Porquê? E justamente aí que entra o trabalho do meio de hospedagem. Não se pode mais esperar que outros façam a divulgação do destino e o hotel só faça a divulgação do hotel. Esse tempo passou. Se ficar esperando pelos outros tudo será mais demorado e doloroso.
O meio de hospedagem faz parte de um ecossistema turístico, é um membro do todo. Até hoje tínhamos bem claro quem fazia o quê. Mudou.
O hoteleiro tem que compreender que ficar atrás do balcão aguardando não é negócio. Mas o hotel tem site, redes sociais, comercial, representantes, frequentamos feiras, fazemos road-shows, tá certo, não é suficiente.
Por que a pessoa X deve se hospedar no hotel? Por causa do belo colchão? Da TV Smart? Da barra de apoio no box? Do farto café da manhã?
Ou talvez seja por causa de que o hotel toda semana tem uma atividade ou várias como destaque nas suas imediações e estas tenham apelo e estimulem o público a se hospedar. O hotel deve ser um elemento fundamental no bairro, assim como uma farmácia, um teatro, uma padaria, um museu, ele deve integrar o ecossistema de forma natural e ser um elemento de integração e de valorização do entorno.
O hotel precisa “entender” seu entorno, conhecer ele e adotar como seu lobby. Se tem uma padaria com um bolo fantástico, recomendar, se tem uma profissional de ioga perto, recomendar e abrir espaço para o intercâmbio, ou seja, criar pacotes com ela, que sejam fora ou dentro do hotel. Nem sempre devemos criar pacotes só com grandes museus ou reconhecidas grifes, criar experiências marcante que integrem o todo se tornou fundamental.
O público do Turismo Sênior quer viajar e vai viajar!
Mas este público quer sair da rotina, viagens em grupo de ônibus, com carteado e baile após o jantar vão continuar acontecendo. Mas a turma dos 6o+ querem outras coisas também, querem fazer uma trilha, um roteiro gastronômico, fazer rafting, experimentar, vivenciar, crescer como pessoa e mostrar isso para o mundo. O segmento mudou, hoje tem sub-nichos que os hotéis precisam compreender para vender mais e melhor.
Vender só pernoite não é suficiente.
O segmento do 60+ mudou, evoluiu, sua forma de comercializar seu meio de hospedagem também precisa mudar, evoluir.
Conteúdo escrito por Ariel Figueroa
Ariel é Turismólogo, Universidad de la Rep. del Uruguay, MsC em Administração Hoteleira, Universidad de Alcalá, Madrid-Es. jornalista editor da Coluna de Turismo nos últimos 15 anos. Trabalhou administrando hotéis, nível gerencial ou implantação por 28 anos em RS, BA, Uruguay, Espanha e Angola.
Este conteúdo é de inteira responsabilidade do criador e não, necessariamente, reflete a opinião da Reed Exhibitions – organizadora do evento Equipotel.