Porque aplicar o conceito do Neurolighting em projetos de hotéis?

Que a iluminação é um dos pontos principais de um projeto nós já sabemos, mas em hotéis ela é item fundamental quando alinhada à arquitetura, ao design e à funcionalidade dos ambientes.

Nós mesmos quando nos hospedamos ou vamos a algum hotel, nos pegamos olhando o luminotécnico dele, criamos expectativa de um espaço diferenciado do que estamos acostumados, esperamos uma atmosfera impactante, nāo é mesmo?

Passamos mais de 90% em espaços construídos, muitas vezes trabalhando na maior parte do tempo, então a iluminação interfere de forma significativa a nossa percepção. Quando entramos em um espaço, somos bombardeados com várias informações que ativam os nossos 5 sentidos principais, desencadeando reações emocionais e cognitivas, o que impacta o nosso sistema fisiológico e psicológico também.

Hoje em dia os projetos sāo baseados na neurociência, onde através de estudos científicos podemos saber o impacto que a neuroarquitetura(neurociência aplicada à arquitetura) e o neurolighting (neurociência aplicada à iluminação) promovem nos usuários. Como eu disse anteriormente, hotéis criam atmosferas para uma diversidade de hóspedes, com diversidade de utilização também desses espaços, por isso é fundamental especificar uma boa iluminação técnica, com baixo dispêndio energético e maior eficácia lumínica e com uma variedade em opções de acendimento, valorizando a funcionalidade e o design do espaço utilizado. E como fazer isso? Setorizando o ambiente com acendimentos distintos para luz geral, pontual, indireta e decorativa. Sendo acionadas conforme a demanda.

A premissa fundamental do Neurolighting, é elaborar um projeto em que a saúde do usuário seja o foco principal deste projeto. Para isso, é necessário especificar equipamentos com fluxo, IRC e temperatura de cor assertivos, direcionamento correto de luz x retina, que atuem de forma eficiente quando for um momento de produção e trabalho ou quando for um momento de relaxamento e descanso, simulando assim, o ritmo circadiano tāo necessário para nossa saúde física e mental.

O que isso significa?

Para ambientes sociais de um hotel, como recepção e lobby , por exemplo, especificar um luminotécnico com maior fluxo, pois é o momento de check-in e acesso, temperatura de cor quente, que é mais aconchegante e por isso mesmo promove maior acolhimento já na entrada, IRC acima de 90.

Tipos de iluminação: luz geral difusa, pontual, indireta e decorativa, tais como perfis de LED, embutidos, LEDs integrados, sancas, arandelas, lustres, pendentes e balizadores.

Salas de reunião, auditórios e centro de convenções : uma variedade de acionamentos para que os usuários tenham a liberdade de acionamento conforme a demanda, temperatura de cor neutra porque é área de trabalho, IRC acima de 90.

Tipos de iluminação: Luz geral difusa, luz indireta, perfis de LED, LEDs integrados, balizadores e etc

Piscinas e saunas: de preferência utilizar fibra ótica, que promove maior segurança e durabilidade, uma vez que levam a iluminação sem que o ponto elétrico fique na área molhada.

Tipos de iluminação: Fibra ótica pontual, sidelight ou luz indireta (sim, já temos esse efeito em piscinas!)

Ambientes privativos, como os quartos: hoje em dia vemos uma tendência que eu realmente gosto muito, onde quase nāo utilizamos iluminação vinda do teto/forro, o que torna o espaço muito mais acolhedor. Temperatura de cor quente, IRC acima de 90, UGR baixo.

Tipos de iluminação: Abajures, luminárias de piso, luminárias de parede articuláveis, luz indireta nos banheiros, luz frontal nos espelhos, luminárias articuláveis de apoio para leitura na cabceira das camas etc. Acionamentos separados.

Iluminaçāo externa e paisagismo: Temperatura de cor quente, IRC acima de 95, baixa tensão, IP alto.

Tipos de iluminação: Refletores, projetores, espetos, pontuais, uplights, downlights, faixo simétrico ou assimétrico, ângulo fechado ou aberto de acordo com a demanda de cada efeito, balizadores, perfis de LED lineares ou curvilíneos etc.

A arquitetura de hoje é projetada de forma integrativa, com áreas diversas que em conjunto com a neurociência, validam e dāo suporte às técnicas aplicadas em Neuroarquitetura e Neurolighting, como o uso de linhas retilíneas, sinuosas, ascendente vertical, cores e formas, bioarquitetura,design informacional, design biofílico,iluminação natural, estratégias de direcionamento como o wayfinding, framing, nudge e etc, mas isso é assunto para um outro artigo em breve..

Autor: MSc. Patricia Fernandes

Lighting Designer, Psicanalista, Mestre em Arquitetura e urbanismo, idealizadora do Método Neurolighting.