Bem-estar na Hotelaria: O Toque Ganhou Mais Valor!

Por Gustavo Albanesi, Co-Fundador e CEO do Budah Spa, nos trazendo um pouco mais de sua visão sobre como o bem-estar estará presente na indústria hoteleria e de turismo, principalmente, depois do período pós-pandemia que mudou completamente nossa forma de relação com o estar bem física e mentalmente.

Mas se você é do time que prefere ler, segue conteúdo em texto

Há mais 1 ano estamos vivendo uma nova realidade que jamais era esperada pela grande parte da população mundial. E apesar destes mais de 365 dias de oscilações na pandemia COVID-19, parece que 2020 foi um ano praticamente em branco, rápido e perdido. Mas apesar das muitas perdas e danos causados na saúde e economia dos países, as mudanças em nossa cultura e comportamento foram radicais, trazendo também alguns ganhos, especialmente no mercado de bem-estar.

O que já vinhamos vivenciando em nosso dia a dia foi altamente acelerado pela pandemia. Vivemos 10 anos em 10 meses. Passamos a utilizar a tecnologia como nunca, passamos a priorizar o que nos faz bem e a cortar o que nada agrega para nossa vida, passamos a mudar nossos hábitos de consumo. E talvez uma das mais importantes frentes de transformação ocorridas em sociedade foi a valorização do nosso bem-estar, seja ele mental, físico ou emocional. E não era por falta de informação, mas a nova realidade imposta em nossas vidas nos fez repensar e priorizar nossa saúde em primeiro lugar. Passamos a nos alimentar melhor, valorizando nutrientes dos alimentos e suplementos, pois sabemos que somos o que ingerimos! Começamos a fazer atividades físicas em casa, mesmo quem nunca ia a uma academia, pois o sedentarismo é notável causa de muitas patologias. Os APPs de meditação e aulas de yoga online nunca foram tão fortes, e a grande maioria de nós, em algum momento, teve ao menos alguma interação com estas soluções. Chegamos a rever relacionamentos e ocupações de trabalho que não estavam alinhadas com nosso propósito ou motivos de vida, priorizando cada vez mais “nós mesmos”. Muitos e muitos hábitos de saúde física e mental foram cada vez mais valorizados e transformados.

E neste contexto, algo que ficou ainda mais claro em nossas vidas foi que o bem-estar não é algo que deve ser “consumido” pontualmente, quando tivermos um tempinho em nossa rotina, não! O bem-estar deve fazer parte permanente de nosso dia a dia. É a nossa rotina que deve se adaptar à prioridade de nosso estilo de vida, e não mais o contrário. Agora o que importa mais e mais somos “nós mesmos”! E isto consequentemente impacta em nosso estilo e local de trabalho, em nossas relações, na estrutura de nossa casa, e, especialmente, em nossas viagens, sejam elas a turismo ou a negócios.

Antes da pandemia o turismo de bem-estar já representava avanço mundial considerável, e estamos certos de que, depois que o mundo se “acalmar” novamente, este mercado será ainda mais acelerado. E quando uma pessoa busca viajar, a mesma nova realidade de escolhas inteligentes se fará presente. O bem-estar se fará presente nestas escolhas. As estruturas hoteleiras que sempre priorizaram boas áreas destinadas a restaurantes, lounges e salas comerciais sem dúvidas devem se manter e sempre possuirão sua importância. No entanto, o que enxergamos com clareza é que aqueles hotéis que pecarem por deixar de disponibilizar ambientes e serviços relacionados ao bem-estar sem dúvida perderão muito na escolha do consumidor atual. E aqui não estamos nos limitando a áreas de academia, piscina ou sauna. Isto é uma premissa! A demanda por bem-estar passou a ir muito além, e os que não estiverem alinhados a esta expectativa, certamente perderão apelo comercial ao longo do tempo.

Em um contexto em que o bem-estar é uma das prioridades que todos carregamos dentro de nós e para onde formos, há algo que ganha mais e mais valor nos pequenos detalhes do hóspede pós pandemia: as experiências! As experiências são o elemento transformador do viés comercial também do varejo tradicional. São os rituais de experiência que ganham valor na jornada de compra, no processo de contato com a marca, e nas escolhas que fazemos. O que antes eram pequenos detalhes que faziam sentido apenas para estruturas mais exclusivas ou de alto padrão, neste momento é premissa de um bom atendimento e contato com o consumidor atual. O “sentir-se bem” que passa ser o objeto maior de nossa caminhada mundana, deve ser representado em pequenos detalhes na estadia do hóspede dos hotéis.

Neste contexto existem muitas estratégias que buscam elevar o cliente a esta esfera do “sentir-se bem”: Rituais de boas vindas com experiências de chás relaxantes, calmantes ou energizantes; personalização da escolha de blends de óleos essenciais que devem aromatizar o quarto do hóspede no momento de dormir, acalmando ou relaxando, ou no momento de acordar, energizando e fortalecendo a mente; Amenities que vão muito além da higiene, mas trazem uma experiência de bem-estar no banho, como sais de banho relaxantes, óleo de corpo sensorial, entre outros. Muitas são as possibilidades de experiências dentro do hotel que despertam o bem-estar, por isto reforçamos: Explore os 5 sentidos de seu cliente, ele vai se lembrar disto!

E em termos de estrutura e oferta de serviços, a valorização do bem-estar deve ser ainda mais evidente. Restaurantes que não possuírem opções de menu veganos (mercado grande e crescente) ou naturais vão deixar a desejar. Áreas de contemplação, relaxamento e contato com natureza, que antes eram opções apenas para quando “houver espaço disponível”, agora devem fazer parte inclusive de ambientes hoteleiros urbanos, pois este “escape mental” é fundamental para nosso equilíbrio. E a isto se soma a oferta de serviços no local, que se faz cada vez mais importante e complementar à experiência de estadia do hóspede. Por isto, talvez um dos itens mais importantes na estruturação conceitual e de serviços de um hotel seja a oferta de Spa.

Quando falamos de oferta de um Spa, talvez uma preocupação que venha à tona seja a questão do toque, especialmente na realidade pós pandemia em que o toque foi associado ao descuidado e transmissão de doenças. No entanto, o momento atual nos trouxe um outro contexto. O ser humano não vive sem toque. O toque é um dos 5 sentidos extremamente importantes ao nosso bem-estar e ao equilíbrio de nossa energia. A troca existente durante uma massagem vai muito além da qualidade da técnica ou protocolo em si. A massagem é essencialmente uma troca energética, e por isto ela nos faz tão bem e equilibra nosso corpo e mente de maneira tão harmônica. E isto só pode ser feito dentro de um spa, onde os 5 sentidos são explorados através de experiências olfativas, chás, ambientação diferenciada, músicas relaxantes, e tudo o que faz o cliente remeter sua mente para fora do tradicional. E neste contexto uma coisa ficou mais evidente dentro dos spas: O toque profissional ganhou valor! Enquanto que o toque descuidado de ambientes públicos está mais restrito e é constantemente evitado, o toque preparado do profissional técnico e ambiente voltado para a experiência de bem-estar passa a ser ainda mais valorizada. Especialmente no momento atual em que o bem-estar e o “sentir-se bem” são premissas de nossa realidade.

O último ano foi doloroso em muitos aspectos, nos fez mudar e repensar muitas coisas. Para as empresas não foi diferente, quem não se mover e não se transformar frente a muitas novas realidades ficará para trás. Para o mercado hoteleiro talvez um dos grandes impactos e demandas de atualização necessária tenha sido o enfoque nos cuidados mais zelosos com o bem-estar dos hóspedes. O equilíbrio que tanto valorizamos em nossas vidas precisa também ser encontrado nas escolhas que fazemos. E quanto às escolhas hoteleiras, certamente o “sentir-se bem” é cada vez mais uma premissa.

O conteúdo é de inteira responsabilidade do criador e não, necessariamente, reflete a opinião da Reed Exhibitions – organizadora da Equipotel.