A nova geração de bares de hotéis

Bares de hotéis apresentam uma aura mágica. Não só pela constante presença no cinema – de Uma Linda Mulher, de Garry Marshall, a Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola – mas por alguns deles terem sido os laboratórios de onde saíram alguns dos mais importantes drinks internacionais: Negroni, Blood Mary e Dry Martini.

No passado os lobby bars eram pontos de encontro para negócios e até o cenário perfeito para romances. Hoje, não só no Brasil mas em todo mundo, deixaram de ser frequentados apenas por hóspedes e seus convidados e se tornaram points badalados nos destinos em que se encontram. Sua importância é tal que o primeiro hotel Fasano, nos Jardins em São Paulo, colocou a recepção atrás de um bar e o Baretto, outro point cozy do empreendimento, recebeu pocket shows exclusivíssimos, de artistas como Caetano Veloso, Marina Lima e Titãs.

Uma das redes hoteleiras pioneiras em colocar os bares como lugares must go foi a W Hotéis, da Marriott. Nesse sentido, o famoso piano bar eternizado em Casablanca foi substituído por Djs com tatuagens, figurino extravagante e óculos escuros mesmo nas madrugadas.

Além disso, o novo conceito de bar ganhou nova iluminação, projeto arrojado no design de interiores, cartas de drinques novos a cada estação e um staff de jovens universitários, descolados e animados. De acordo com a tendência, muitos empreendimentos criaram para os bares entradas independentes e têm patrocínio disputado pelas mais importantes marcas de champagne, destilados e cervejas premium do planeta.

Atualmente, inclusive, surgiu a moda do sober curious para baladeiros que querem se divertir e socializar sem ingerir álcool. Mas a cada ano, novas tendências surgem obrigando os gerentes de A&B a estarem sempre conectados com o mercado.

Veja abaixo 10 tendências para os bares de hotéis

  1. Fim do Menu de Papel: muito antes da pandemia, os bares já vinham optando por novas tecnologias, como tablets, inclusive instalados nas mesas, e até aplicativos. QR code não é mais um bicho papão. Além de ser mais higiênico, as novas opções não se desfazem com o uso e permitem atualização mais rápida e barata;
  2. Petiscos veganos e light: Como se diz no Rio de Janeiro, os belisquetes vão hoje muito além de frutas secas e sementes, club sanduíche e carnes. Preocupados com boa forma opções mais saudáveis são exigidas pelos clientes e os veganos passam também a mostrar suas exigências, pedindo opções sem origem animal, forçando a criatividade dos chefs;
  3. Mais espaços ao ar livre: o covid-19 só acelerou o processo de espaços mais integrados com jardins, inclusive verticais. A ideia inicial era atender a clientela fumante, mas ganhou adesão de todos os outros públicos;
  1. Novas tecnologias para purificação de ambientes: Não dá para tudo ser ao ar livre. A tecnologia de ionização bipolar de costura da Scientific por GPS ajuda a higienizar ambientes internos, dando mais segurança. Afinal gripe, resfriado e conjuntivite existem há muito tempo e adoram lugares com muita gente e pouca ventilação;
  1. Oshiboris: as toalhinhas japonesas, frias ou quentes, já vinham ganhando adeptos antes de qualquer novo protocolo de biossegurança. Os finger foods pediam obviamente mãos limpas. Eis um hábito que veio pra ficar;
  1. Cardápio de águas: não é novidade, mas o cardápio de águas ganha ainda mais adeptos. Erra quem diz que água é água. H2O é tudo igual. Se existe sommelier de vinhos, azeites, charutos e até de vacinas, por que não ter um de águas com diferentes procedências?
  2. Regionalização do conceito: ingredientes e receitas locais, por exemplo, passam a ser desejados nos menus. Bar internacional não tem graça. Releituras de comidinhas e bebidas típicas ganham cada vez mais espaço nos bares de hotéis;
  1. Bar delivery: Mudanças no room service. Não só os clientes podem pedir drinks e petiscos dos bares no quarto. Muitos moradores locais querem ter em sua casa bebidas e comidas dos bares badalados. Coquetéis pré-fabricados e finalizados em casa são tendência no Hemisfério Norte, assim como cestas, como as de piquenique, com as ofertas dos bares;
  1. Uso de cobre nos projetos: A pandemia criou maior preocupação com higiene dos lugares públicos e o cobre provou ser eficaz na erradicação de germes de superfície. Bares e  restaurantes buscarão cada vez mais o uso do material em áreas de alto tráfego onde o contato é maior;
  1. Mais experiências: masterclasses com barmen e barwomen. Depois das aulas com grandes chefs e sommeliers, aprender a preparar drinques é o mais novo interesse dessa geração Rodrigo Hilbert. Por isso, além de vender bebidas, os bares podem oferecer cursos aumentando as fontes de receitas dos hotéis.

E para entender como anda a implantação das tendências nos bares de hotéis, entrevistamos Carlos Bernardo, Diretor de Operações e A&B da Accor.

Blog Hospitalidade Brasil: Os grandes drinks internacionais saíram dos bares de hotéis (Negroni, Dry Martini, Blood Mary). Bares de hotéis continuam ditando tendências?

Carlos Bernardo: Os drinks são reinventados principalmente pelos bares de rua que estão trazendo experiências speak easy (bares escondidos) com ambientação mais informal e experiências. Já os hotéis da Accor têm oferecido novas tendências com bares life styles e exploração dos roof tops, muito apreciados pelos clientes pelo design e vista apresentados. Os bares dos hotéis continuarão oferecendo os drinks clássicos com um toque de desconstrução.

BHB: Os bares ampliaram suas ofertas. Muitos se tornaram cafés e delis também. Outros se fundiram com os restaurantes. Qual o futuro dos bares na hotelaria?

CB:  Os hotéis tem explorado os nomes que identificam o restaurante e bar, facilitando a divulgação e exposição nas mídias digitais, contudo continuam com ambientes mais descontraídos e com a proposta de entretenimento e espaço mais sociável; muitos deles com espaços que diferem do restaurante com proposta mais intimista. Também estamos explorando o café através de “greab and go” e “take Away”.

BHB: Como vocês lidam com essa tendência do sober curious, a busca cada vez maior de drinques sem álcool?

CB: Trata-se de uma tendência que exploramos e disponibilizamos aos clientes, nesse movimento também para veganos, diabéticos, celíacos, etc… Temos muitas solicitações por drinks belos, mas sem álcool e temos que atender a esta demanda cada vez mais crescente no mercado. Se avaliarmos os fornecedores de bebidas, eles mesmos têm criado e divulgado os drinks sem álcool para anteder a nova geração principalmente os millenials.

BHB: Como a pandemia afetou os bares? Que medidas foram tomadas para segurança?

CB: Os bares foram afetados principalmente por duas razões: o distanciamento que impede um número adequado de consumidores para viabilizar o ponto de venda e as limitações de horário do governo que impedem o funcionamento deste serviço durante a noite estendida.

O Estado de São Paulo acaba de flexibilizar o atendimento dos bares até as 23 horas e esperamos que, com o passar do tempo e mais segurança, possamos atender até altas horas. Quanto às medidas de segurança, a Accor tem seguido a risca as recomendações e protocolos para garantir a segurança de seus clientes e colaboradores.

BHB: Sabemos que a Accor tem investido muito no conceito de A&B e nos hotéis como pontos de encontro também dos nativos, não apenas dos turistas. Como competir com outros restaurantes e bares, que não aqueles de hotéis?

CB: Realmente a Accor tem dado a importância merecida aos restaurantes e bares com conceitos bem definidos há algum tempo. Entendemos que a decisão por hospedar-se num hotel em detrimento de outro pode ser tomada levando em consideração a segurança, ambiente, serviços e qualidade dos drinks e petiscos ou “food to share” servidos em nossos restaurantes.

No Brasil criamos vários conceitos novos que realmente buscam a originalidade da região enaltecendo a sua cultura, gastronomia e design. Para competir com os restaurante e bares de rua precisamos investir mais em marketing, mídias sociais e serviços descolados com visual e design modernos e seguindo as tendências.

BHB: Há espaço para investir mais em bares e coquetelaria nos breaks de eventos?

CB: Com certeza temos grandes oportunidades até porque um evento, mesmo que de negócios, é um momento de entretenimento e de socialização. Contudo temos que atender às políticas de compliance das empresas para que este serviço seja oferecido com prévia autorização e nos momentos oportunos sem que prejudique o andamento do evento, e sim como um complemento no dia e hora certos.

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Por fim, aproveite para conhecer um vídeo da série EquipotelTV, que, aliás, faz parte da Equipotel Conexões. O conteúdo apresenta o que fazer para conseguir diversificação e inovação na hotelaria sob a perspectiva de Carlos Bernardo, Diretor de Operações e A&B da Accor.