Concierges: as chaves da cidade

No universo da hotelaria de luxo tudo precisa ter grife, inclusive a figura dos concierges, que têm seu talento, competência e prestígio reconhecidos quando ostentam nas lapelas do paletós duas chaves de ouro cruzadas, a insígnia do seleto grupo Les Clefs d´Or.

Trata-se de uma associação internacional que reúne os melhores concierges dos cinco continentes. Nos encontros desses profissionais pode-se escolher que idioma, além do inglês, conduzirá as conversas. Pois quase todos são poliglotas. Elegância, inteligência, erudição e sorrisos não bastam. É preciso ter habilidades linguísticas e uma agenda repleta dos contatos mais importantes da cena cultural, gastronômica, artística da cidade. Além, é claro, de acesso fácil aos mais concorridos estilistas, cabelereiros e até profissionais de saúde de um país. Pois não são raros os que podem escrever livros contando as peripécias a que foram submetidos para realizar os desejos e sonhos de seus clientes, muitos deles celebridades internacionais. Embora poder não é querer. Afinal a discrição é também outro requisito fundamental desse clube. Da época medieval guardam as chaves mas também a postura quase sacerdotal.

Hotéis como o Plaza Athenée em Paris colocam chef executivo e o concierge como embaixadores da marca. Faz sentido. Eles são responsáveis por prazeres que um destino pode oferecer.

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Nesta semana conversamos com Renata Farha, concierge do hotel Intercontinental em São Paulo e presidente da associação no Brasil. A profissional fala fluentemente inglês, francês e português. E também conhece alemão, espanhol e arranha o japonês. Além disso, não há programa, restaurante, museu ou galeria de arte na Pauliceia que ela não conheça. E se um hóspede habitué precisa de dicas de outra cidade do mundo, ela aciona essa rede que funciona quase como uma irmandade.

Confira abaixo a entrevista com Renata Farha sobre a figura dos concierges

Blog Hospitalidade Brasil: Renata, como surgiu a figura do concierge?


Renata Farha:
Antigamente o Concierge era o primeiro a se levantar para destrancar todas as portas dos Castelos em toda a Europa. O Concierge possuía as chaves dos aposentos e tratava de fornecer tudo o que os hóspedes necessitavam durante a estada. Também era responsável pelo mapa e localização de cada canto dos Castelos. Durante os séculos 19 e 20, na França, eles eram chamados de portier ou porter (em inglês).  Eram o principal elo das relações com os hóspedes com os hotéis de luxo nos quais se hospedavam. Foi nessa época que a figura do Concierge foi criada em vários grandes hotéis de Paris e da Europa Ocidental.  O serviço rapidamente se tornou popular e essencial em hotéis cinco estrelas.  

BHB:Como você enxerga o papel e as atividades  do concierge no futuro?


RF:
Acredito que por conta da pandemia o Concierge terá um papel fundamental para auxiliar os hóspedes. As informações mudam de forma muito frequente e, mais do que nunca, eles precisam da orientação do Concierge para passar a informação correta bem como referência sobre os protocolos de segurança adotados. Outra mudança é em relação ao contato com pessoas.  Enfrentamos um período onde só víamos as pessoas através da televisão ou da tela do computador e pessoas precisam de pessoas e sentiram muita falta disso.   

BHB: O que é a associação Les Clefs d´Or?


RF:
Les Clefs d’Or é uma associação profissional de concierges de hotéis em praticamente todos os cantos do mundo. A organização tem mais de 4.000 membros em 80 países e 536 localidades.  Os membros são facilmente identificados pelas chaves de ouro cruzadas em nossas lapelas. Trata-se de uma associação de, globalmente conectada, comprometida com o desenvolvimento profissional e voltada para o estabelecimento de novos padrões para a perfeição do serviço ao hóspede. A Associação teve início em 1929 e foi fundada oficialmente na França em 1952, Les Clefs d ́Or é uma organização sem fins lucrativos baseada em dois pilares: serviço e amizade. Para ganhar o direito de usar as chaves de ouro, os aspirantes a concierges devem ter vários anos de experiência como concierge de hotel, passar por testes abrangentes e provar, sem sombra de dúvida, sua capacidade de fornecer a mais alta qualidade de serviço. 

BHB:Quantos concierges existem no Brasil?


RF:
Atualmente somos 27 concierges membros da Les Clefs d´Or Brésil. 

BHB: Quais os requisitos para ser um profissional da conciergerie?


RF: O Concierge é um facilitador de sonhos e deve estar sempre pronto para resolver as mais diversas situações, desde que sejam legais e morais. Para isso é fundamental que o profissional tenha paixão em servir e, é claro, ética.  Além disso, é importante que o Concierge seja detalhista, paciente, interessado e esteja sempre informado do que acontece não só na sua cidade como no mundo. Ter uma boa comunicação também e fundamental. 

BHB: Que vantagens tem um hotel ao contratar um concierge Les Clefs d´Or.

RF: Para o hotel ter um  Concierge membro da Les Clefs d´Or é um grande reconhecimento e um diferencial, tendo em vista que são pouco mais de 4000 membros ao redor do mundo. Um membro Les Clefs d´Or possui uma rede de contatos internacional muito grande o que facilita oferecer uma melhor experiência para o hóspede.

BHB: Quais os requisitos para um concierge fazer parte do les Clefs d´Or?

RF: Ter no mínimo 21 anos de idade e 05 anos de experiência no front office, sendo 02 anos atuando como Concierge. É preciso ter 2 cartas de recomendação de membros Les Clefs d´Or  e 1 carta de recomendação do Gerente Geral. Além disso o membro passa por uma série de avaliações e entrevistas.

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