Energia Solar: Luz solar no fim do túnel

Em primeiro lugar, já se sabe que consumidores neste século preferem marcas comprometidas com a sustentabilidade. Por isso, com a energia solar não seria diferente. Assim sendo, no turismo, a adoção de práticas que preservam o meio ambiente tem se tornado critério na escolha de fornecedores. Isso contempla o universo corporativo tanto quanto no de lazer.

Como resultado, a imensa maioria dos empreendimentos hoteleiros implementaram nesses últimos anos, no mínimo, uma prática ambientalmente responsável em suas operações. Mas não é apenas o compromisso com a natureza que tem levado hotéis e resorts a adotarem estratégias de energia limpa.

Responsabilidade ambiental

A segurança no fornecimento e uma gestão rigorosa de custos levaram um número cada vez maior de empreendimentos a trabalhar com energia solar. Afinal de contas, não é só a pandemia que pode comprometer o crescimento do país em 2021. O risco de um apagão no horário de pico, embora não no mesmo patamar de 2001, é iminente. O nível dos reservatórios no Brasil, por exemplo, é o pior da série histórica, iniciada em 1931. Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), as represas das hidrelétricas na região Sudeste e Centro-Oeste estão com 32% da capacidade.

Outro ponto importante, além do racionamento, é que o governo tem negociado com usinas térmicas que geram eletricidade a partir de gás natural, óleo, carvão ou diesel, que vão impactar nas contas. Por outro lado, um número maior de incentivos governamentais é colocado à disposição dos empresários dispostos a investir em novas matrizes energéticas.

Com o intuito de saber mais sobre energia solar e todo o cenário energético no Brasil, entrevistamos o diretor da Ion, Roberto Veiga. Em seus projetos de eficiência energética, a equipe busca, não só a redução de custos no consumo de energia, como também a possibilidade de protagonismo na geração de energia através de fontes renováveis. Além disso, o seu armazenamento e comercialização através do mercado livre.

Blog Hospitalidade Brasil: Como você enxerga o cenário energético do Brasil nos próximos 24 meses?

Roberto Veiga: O cenário é de muitas oportunidades para investidores e desenvolvedores de projetos de geração de energia de fontes renováveis como a eólica e solar fotovoltaica. Para os próximos 24 meses a geração de energia de fonte solar fotovoltaica é que possui maior potencial de crescimento em função da sua rápida instalação e início de geração imediata, principalmente no setor da Geração Distribuída (GD) com projetos até 5 MW de potência.

Temos o PDE 2030 (Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 do MME – Ministério de Minas e Energia) que indica as perspectivas da expansão do setor de energia no horizonte de dez anos (2021 – 2030). Nesse cenário, temos um crescimento previsto para 2030 na geração eólica dos atuais 16,5 GW para 32 GW e Solar Fotovoltaica dos atuais 3,3 GW para 8 GW.


Para efeito de comparação a potência da Hidrelétrica de Itaipu é 14 GW. Lembramos que a expansão não contabiliza os projetos na Geração Distribuída, mas somente os da Geração Centralizada. Na Geração Distribuída por exemplo, (aqueles projetos até 5 MW principalmente projetos de geração de energia de fonte solar fotovoltaica, já somam 5,5 GW de potência instalada.

BHB: Como hotéis e hospitais podem se beneficiar da energia limpa?


RV:
De muitas formas. O sistema de caldeiras pode ser totalmente abastecido por energia gerada por painéis solares, que acoplado a um sistema de baterias evita, em grande parte, a utilização de geradores a combustível fóssil, inibindo risco de poluição sonora e do ar. O Sebrae, em parceria com o Ministério do Turismo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento), dentro do Programa Bem Receber estimula a obtenção de selos de sustentabilidade no setor hoteleiro, para que os empreendimentos certificados possam receber investimentos visando melhorar sua competitividade no mercado internacional.

Já em hospitais a questão de se evitar ao máximo a poluição sonora e atmosférica é essencial! Não é preciso enumerar os benefícios à saúde dos que lá se encontram em tratamento, além do benefício financeiro de se minimizar o custo de operação em regimes de bandeira amarela e vermelha das tarifas de energia.

BHB: No caso da energia solar, quais são os elementos que determinam o sucesso da implantação?


RV:
Como em qualquer projeto de engenharia

  • o planejamento;
  • o dimensionamento;
  • o manuseio do hardware envolvido.
  • E, principalmente, o cuidado na determinação do local na instalação do sistema.
  • (Todos esses fatores) são primordiais para o sucesso do pleno funcionamento do sistema.

BHB: Em quanto tempo o investimento é recuperado?

RV: O tempo envolvido na recuperação do investimento está diretamente relacionado ao valor da tarifa (R$/kWh), da classe da tarifa (A ou B) e o tipo de ligação (mono, bi ou trifásico). É preciso observar se o sistema a ser instalado irá conter um sistema de armazenamento de energia (baterias).

Num sistema convencional residencial ou comercial, por exemplo, sem a utilização de baterias o payback, gira em torno de 3 a 5 anos. Já em sistemas mais complexos, que exigem um sistema de armazenamento de energia (baterias) podem ter um payback de 8 anos, o que justifica o investimento em se considerando uma vida útil de 25 anos do sistema de geração.

BHB: Muitos hotéis na Bahia foram procurados pelo Banco do Nordeste com linhas de financiamento. Há algum tipo de apoio governamental em outras regiões? Créditos de bancos públicos, por exemplo?


RV:
Sim, temos vários programas de apoio de bancos de desenvolvimento regionais como o citado acima o da região nordeste capitaneado pelo BNB. O próprio BNDES, Banco do Brasil, CEF e demais bancos de desenvolvimento regionais atendem e incentivam, através de financiamentos de longo prazo e taxas de juros subsidiadas, o desenvolvimento desses projetos.

BHB: A sustentabilidade é um ativo importante na reputação de um destino turístico e demais equipamentos. Hotéis como o The Brando, no Tahiti, investem pesadamente em energia limpa. Você conhece casos na hospitalidade brasileira que sirvam de inspiração para os leitores?


RV:
Atualmente, mais de 20 hotéis operados pela Accor no Brasil são alimentados com energia eólica, solar e de pequenas unidades hidroelétricas, livres da queima de combustível fóssil para produção de energia. Aí vai a dica de alguns hotéis sustentáveis e muito agradáveis no Brasil:

  • Uakari Lodge (Tefé, AM)
  • Vila Kalango (Jericoacoara, CE)
  • Bonito Ecotel (Bonito, MS)
  • Mabu Thermas Gran Resort (Foz do Iguaçu, PR).

Agora que você soube mais a respeito da energia solar, aprofunde seus conhecimentos descobrindo dicas de sustentabilidade para meios de hospedagem.

Por fim, não deixe de conhecer a Equipotel Conexões, hub que comporta todas as iniciativas digitais da Equipotel.